segunda-feira, 30 de outubro de 2017

Converse com você mesmo

Precioso menino, como está difícil entender tanta coisa. E como está difícil se manter de pé depois de passar por tantas coisas. Seus conselhos que um dia tanto me ajudaram ficam as vezes sem sentido e o descontentamento não toma conta de mim, apenas ressurge. Menino, olho para o que eu me tornei e vejo que já escutei muita coisa, e que minha cabeça fica cheia de ideias, e ao mesmo tempo é tomada pelo vazio.
Menino, lembro da última vez em que conversamos e que por alguns instantes eu reclamava de minha vida, e você me mostrava que para todos momentos que possam parecer difíceis sempre chegam outros nos quais o júbilo de outros momentos, um pouco melhores, dão sentido a nossa existência.
Eu falava, eu reclamava, e eu te mostrava minhas fraquezas, você me ouvia,  me acalmava e me dizia que tudo ia ficar bem. Não sei se ficava bem mas pelo menos parecia que sim.
Algumas vezes eram apenas reclamações bestas e sem sentido, rememorações... Outras vezes era um pouco mais complicado e nem você sabia o que me dizer, e assim sendo apenas me dava um abraço e me mostrava que em certas situações a gente não vai saber o que dizer, mas que um abraço pode sim ser sinal de apoio.
Menino, eu tentei seguir seus conselhos e me tornar uma pessoa melhor. Tentei ser aquilo que eu tanto idealizava e tinha como certo. Reescrevi alguns capítulos daquela história que eu te contei e segui em frente mesmo depois de ter passado por tanta coisa. Eu tentei ser mais extrovertido, eu tentei falar um pouco mais de mim, e por achar que isso seria fundamental mudei até minha aparência, pois como bem sabe menino, eu nunca fui feliz. Eu tentei ser, mas acho que falhei. Falhei por achar que mudar o meu aspecto físico conseguiria mudar também o que eu era por dentro. Falhei por pensar que ao  cuidar seria cuidado. E não por poucas vezes pude ter a amarga experiencia de confiar demais, e de me machucar demais.
Menino, não sei se eu realmente mudei ou se eu me auto sabotei. Não sei se tentando ser feliz, pude causar felicidade. Talvez por eu sempre ter me achado, ou por sempre estar perdido em meio a tantos questionamentos eu tenha me enrolado e não por poucas vezes não encontrado nenhuma solução.
Durante algum tempo eu tentei não chorar, em outros tempos chorei muito. Durante um tempo tentei apoiar, em outros precisei de apoio. Acho que não tive.
Acho que esperei muito, e criei muita expectativa me idealizei como um ser perfeito. Tentei ser esse ser perfeito, por mais que este nunca tenha sido explicitamente meu objetivo.
Fui acusado de tentar parecer perfeito, por tentar viver com um pouco de paz, e com um pouco de aceitação.
Peço desculpas menino, por ter te deixado um pouco de lado, e por ter te ignorado tanto a ponto de não querer me lembrar da sua imagem. Peço desculpas por não ter sido tão seu amigo, do jeito que sempre foi para comigo. Você tentou me animar por inúmeras vezes. Eu não consegui fazer com que você se sentisse bem e confortável.
Você me ajudou a tentar me tornar alguém melhor, e eu tentei, juro que tentei. Mas vejo que não fui suficientemente bom. 
Agi de acordo com princípios que tive como pilares de minha formação. Fui por isso, por vezes abandonado. E isso não foi bom, nunca foi, nunca será. Provavelmente menino, não é a primeira vez que escuta chorumelas de minha pessoa nesse sentido. Confesso que sou bastante conflituoso, mas também você me conhece bastante a ponto de saber que minhas lágrimas não são de falsidade, e que meus dilemas não foram criados de propósito. Pelo menos, não por mim. 
Confiei demais e vejo que agi assim por não confiar em mim. Por no fundo ter comigo o sentimento de inferioridade, e por, infelizmente, mesmo que você me alertasse tanto,continuar puntuando que eu não merecia algo bom, por eu não me achar suficientemente bom. 
Lembro-me quando criei a capa de proteção e comecei a usa-la, mas esqueci que a capa não podia me esconder de você. Lembro dos primeiros retratos, coisa que eu tinha pavor. Lembro que comecei a me mostrar, algo que eu tinha ainda mais pavor. Lembro que gostei disso, mas que com isso, você foi ficando de lado. Foi ficando a sombra, e aos poucos eu fui me esquecendo do quão importante eram nossas conversas, nossos desabafos. 
Foi preciso que eu caísse mais uma vez, e dessa vez com ainda mais riscos, para que eu começasse a enxergar (de novo) que eu não fui, não sou e nunca poderei ser diferente daquilo que eu sempre fugi ser. Que a vida é cheia de espelhos, e que não adianta me esquivar dos reflexos pois a qualquer momento, tenho me esbarrado em algum. E me esbarro nos espelhos, e os espelhos as vezes são quebradiços e me ferem. 
Não sei se consigo ou se conseguirei algum dia a ver sentido em tantas colocações. Não sei também se um dia você conseguirá me perdoar por ter te deixado de lado, por que na verdade nem eu seu se consigo me perdoar por tamanha atrocidade. 
Você me ouvia, e pra você eu podia mostrar meu problemas, e eu podia ser o grande cara com coração sempre apertado. Com você eu conseguia ser assim, não sei se consigo mais assim ser. 
Hoje, em tal momento não consigo ver sentido em muita coisa. Vejo que errei por esperar do outro o que o outro não esperava em mim. Não sei se fui suficientemente bom, ou se fui um completo fracasso. 
Talvez não tenha sido um fracasso total, só talvez. Gastei muito tempo sendo a positivação do que eu tinha como certo, poupei e não fui polpado. Nem sei se polpei. Pra ser sincero nem sei por qual motivo zelei, por que não sei se zelei, ou se tentei não me machucar ainda mais. Não fui muito vitorioso. 
Não posso dizer que "queira ser diferente" ou mesmo "ter agido diferente" por que tenho certeza (ou nem tenho) que faria tudo do mesmo jeito. Cometeria os mesmos erros, confiaria nos outros e desconfiaria de mim. Talvez por minha vida ter rondado nesse sentido. Talvez por eu nem ter vivido de verdade, ou mesmo por eu não saber o que é viver de verdade. 
As vezes eu seja muito "reclamão" talvez um ser incompreendido. Mas como cobrar que o outro me compreenda se nem eu mesmo consigo ver em mim alguma compreensão? Por quê critico tanto o outro se o que eu mais faço e me criticar? Talvez eu tenha os mesmos defeitos, ou defeitos até piores... Se é que dá pra medir qual defeito é pior. 
Talvez eu chore em silencio por me julgar inferior. E talvez os outros nem me julguem tão inferior assim. Não sei. 
Menino, vou tentar,  prometo, a partir de agora conversar um pouco mais com você, pelo menos pelo tempo que me resta nesse plano. (não sei se longo, não sei se curto). Vou tentar voltar um pouco para minhas origens, e deixar com que o ser incompreendido que sempre fui possa continuar assim sendo, espero eu, de verdade, não me sentir tão culpado por isso. Não estou prometendo, dessa vez, ser mais paciente,  e compreender mais o outro, pois o que realmente preciso é tentar me entender, e me compreender. Já tive, um dia vontade de viver, eu acho. Já tive um dia esperança que a felicidade tornaria-se parte de mim. Está demorando, mas ainda que hoje não acredite tanto em tal sensação, e que tal sensação possa fazer parte do meu mundo, quero começar a acreditar que em algum momento terei enfim felicidade. Seja em qual terra for. 
Obrigado menino, por me escutar, e mais uma vez desculpas por ter te deixado em um canto sozinho... e por ter tentando esquecer que você faz parte do que eu sou, e do que eu vivo, ou pelo menos tento viver. 

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sexta-feira, 27 de outubro de 2017

Essência do Passado


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Um certo dia,  em uma certa hora
Tudo ficará tranquilo, tudo assim será
Lembranças ruins serão passado
E o passado ainda assim não poderá ser esquecido.

Talvez tenhamos sorte de encontrar a paz
ainda que momentânea, mas ainda assim paz.
O clareamento se tornará mais claro
E o viver será tido com menos pressão

A amargura não nos trará mal
O mal não se transmudará do mau.
                                                                                    O escuro e obsoleto se tornará aceso
                                                                                     aceso este que será convivência

Teremos sonhos que não serão mais sonhos
E realidades que um dia foram sonhadas
E só ai poderemos saber quem somos
E se somos aquilo que representamos ser

Ao olharmos para as tranquilas águas de um rio
Ao observamos o estrelado céu
ou ainda as pastagens e as andorinhas de verão
Saberemos que pra sermos forte não precisamos ser bloqueados

O coração que um dia foi ferido
Ou mesmo a mente que foi afrontada
Poderão em fim ser um pouco desacelerados
Ou ficarão acelerados por outros motivos

Passaremos a ter outras prioridades
e ficaremos em silêncio pensando no passado
E poderemos enfim encontrar a evolução
E continuaremos a evoluir

Lembraremos dos olhares direcionados
Das palavras de afeto
E nos apegaremos a isso
As lágrimas correrão ao rosto

A saudade ficará intensa
mas nos preencherá
Dará sentido ao que vivemos
Dará motivo às nossas mazelas

E o peso do arrependimento
Será apenas isso, ou nem isso
Adoraremos os nossos defeitos
E a indiferença não será tão incomodante.

Olharemos para as novas gerações
E veremos o quão ingênuo é o ser
Ingênuo por  desacreditar que o dia melhor virá
Ingênuo por pensar que o presente é eterno

E nessa idade, veremos que sempre nos preocupamos demais
E vivemos de menos, por obedecer a tudo e a todos
Que os anos passam, a vida passa, o tempo passa
Evitamos os conflitamos, e deixamos de viver

E talvez em tal momento, não tenhamos mais tantos dias
nem disposição, nem oportunidade
Talvez tenhamos recursos, mas não companhia
e talvez o futuro não seja tão futuro

Complicado nos tornamos por pensar demais
Em nos proteger demais,
Ou até mesmo por clamar por mudança
Negando que para a mudança seja necessário atitude

E quando estivermos experientes
Se é que um dia nos tornaremos
Teremos mais consciência disso
e veremos que tudo se presumiu em medo

E que o medo não leva a nada
é a negação da própria existência
é a trava que nos cercou os olhos
e que nos fez sofrer em silêncio

Espero que nesse dia, cada um se torne mais pleno
e que a plenitude seja parte do fluxo interior
e que a serenidade seja vida de viver e não de arrependimentos
e que as magoas sejam purificadas e transformadas em força

E que a força seja parte, seja todo
E que a memória fique falha
E que o corpo fique sim, cansado
Mas que fique cansado e em paz.









quinta-feira, 19 de outubro de 2017

Pontos e mais pontos...


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Costumaz se torna uma decência forjada
O mesquinho toma foma de belo
de um tempo sem feitos e nem defeitos
de um viver de intempéries acalmadas.

Dia após dia, hora por hora
Somos o que tentamos ser
Ou somos o que podemos ser?
Mostramos o que conseguimos ser.

O júbilo sobrepesa com a angústia
A fé se equilibra com a nossa cientificidade
Prefere o homem se mostrar perfeito
Pouco o homem se porta em busca da perfeição.

Entra-se em desespero por uma palavra maldita
Culpa-se em silêncio por aquela que não foi exposta
Critica o outro pelo outro ser o que é...
Critica a si mesmo por se conformar pelo que consegue ser.

Toma um chá e olha pela janela
vê um horizonte leve ou densificado
A claridade deste horizonte atrapalha sua visão
pois reflete um passado, ainda que bom, ainda que ruim.

Se o vento lhe bate ao rosto, o rosto resplandece
Parece a calma pousar-se ao seu lado
Logo irá embora e tudo voltará a ser como era antes
tão conturbado, tão complicado, mas nem por isso menos instigante.

A essência é o que nos dá força
A força é o que nos faz resistir
A resistência é o que nos motiva
E a motivação o que nos faz continuar.

Continuar pensando no que fomos
Mas também no que somos
E talvez no que nos tornaremos
Se é que nos tornaremos alguma coisa.

Gastamos muito tempo pensando
Pensamos muito tempo no que gastamos
Seja energia, seja vintém.
Mas tudo é tão passageiro, que as vezes nem compensa pensar.

Será que não poderíamos apenas viver?
Será que um dia após outro não nos faria bem?
Ou será que isso nos traria um vazio?
Se é que é possível vazio maior daquele que já sentimos.

Tudo ou nada pode fazer uma mesma pessoa feliz
Já que a felicidade apresenta cada vez mais carácter subjetivo
Para uns é dor, para outros é amor
O que pra uns é sorte, para outros é morte.

Eivamos de ignorâncias
Nos preenchemos de coisas mórbidas
Temos fome de conhecimento
E pouco conhecimento do que sacia essa fome...

Até por que nem toda fome é saciável
Talvez nenhuma seja, ou só pareça fome.
Pode ser algo inútil, que pra outro se torna útil
Pode ser alguém fútil, mesmo que ninguém assim o seja.

Ouso discordar da possibilidade de uma conclusão
Pois o inconclusivo justifica a jornada de buscas
Pois o inconclusivo transmuta a responsabilidade de fim
Pois o fim, ainda que pretenso, pode não ser de verdade o ponto final.












segunda-feira, 16 de outubro de 2017

Temos respostas?

Uma vida tem sentido
Um sentido tem história
a história tem pedaços
pedaços apresentam o querer ser.

Mas o que somos é complexo
é questionável, é recheado
Recheado de conflitos
Rechaçados, conflitos intensos.

Vivemos uma vida cheia de ardor
No vai e vem, tropeçamos, caímos
Mas logo após nos levantamos
Pelo menos é o que se espera.

Os joelhos as vezes ralados
porém um pouco calejados
e aí vamos aprendendo
que os calos são parte Daquele processo.

As vezes o que queremos é brindar com um bom vinho
Motivo? Pra que motivo?
Somos seres em vida, em evolução
Por que nos cercamos tanto?

Somos cercados de perguntas
Somos cobrados por repostas
Cobramos uma ação
Nos mantemos em repouso. Somos Repouso.

E o repouso não é de todo ruim
Faz pensar,
Faz viver uma vida reclusa
tão quieta,  perturbadora...
Perturbadora por que meche com nossos fantasmas

Somos e vivemos em meio aos nossos fantasmas
Tentamos sempre destes fugir
Mas não adianta, não podemos fugir daquilo que somos
Não queremos, nem podemos a paz eterna encontrar.

A paz eterna não existe
O perfeito não existe
A imperfeição nos motiva, nos faz girar
a paz é passageira, e é assim que tem que ser.

Não precisamos só de orações
Precisamos também de papo, assunto
Não vivemos de decepções
Mas elas nos trazem força.

O que não mata ensina a viver?
Pode ser, talvez...
Ou talvez não tenha sentido
Pois não precisa ter sentido

Não podemos ficar amarrados a encontrar um sentido
uma explicação, uma verdade absoluta
pois em nosso processo criamos nossas verdades
e vivemos de acordo com elas

E até que não por poucas vezes nos vemos em paz
por que a paz só existe se houver a turbulência
a turbulência só é causada se antes estivermos em paz
A dúvida nem sempre acaba-se com a certeza.

A certeza gera novas dúvidas
Novas dúvidas, novas certezas
Nova paz, novas turbulencias
Novas turbulências, nova paz.

E assim vamos vivendo
Discutindo, procurando
Discutindo, procurando?
Ou apenas esperando?

Esperando com que a sorte bata em nossa porta
Esperando que um mago traga todas as respostas?
Mas isso, já lhe adianto, é ineficaz
Respostas, nem sempre são resultado de uma pergunta.
e nem todas as perguntas gerarão uma resposta.
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