quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

Ferrugens

E ficou um pedaço de caco de vidro cravado no meio do nada
Os anos vão se passando, e com ele a consciência oscila.
Temos por incerteza da meia idade, um emaranhado de confusões 
Em um momento, nos sentimos jovens, cheios de vontade. Olhares de Criança. 
Cinco minutos, ou cinco dias depois, nos sentimos velhos, cansados... 
É como o viajante que busca o seu destino, e no meio da viagem pensa se vale a pena.
Se o cansaço terá recompensa, e se a recompensa também será. 
Para o homem, vê a lenta tartaruga que passo a passo, procura seu caminho, e se admira com o ritmo.
Vê na criatura paciência, determinação e vê paz.
Corre o homem por ver os lobos, por sentir-se acuado, desespera. Se corre, se perde em meio ao cansaço.
Já não pode usar a velha desculpa, de ser menino, e se agoniza, por ainda se sentir menino. Vê que a fase tida como adolescência, foi se embora, e com ela tenha levado farelos da infância, que ainda fazia companhia. E se sobrou farelos? Cristaliza e eterniza. 
Agora, o que não lhe resta é o gosto de ter vivido, e de não ter se arrependido; e se arrependeu, esquece; e se não se esquece: tolera; e se não tolera aceita e procura viver. Procura ser paz, e ter paz.
Jorra certezas, e também dúvidas. E entra em prosa consigo, vê no tempo os primeiros fios sem vida, e vê na vida,  o roteiro desmoronado. Pega o roteiro, e rasga, e volta desde o início do que tem por trazer serenidade. Deixa de ser feroz, pela convicta missão de mostrar a importância do sentir de si, e não o sentir do outro. 
E se sabemos que nossos conflitos são pedaços de latas enferrujadas de nosso passado, sabemos que não podemos deixar novos pedaços de latas enferrujarem para estragar nosso futuro. E se procuramos o produto ideal para tirar a ferrugem, talvez fosse mais eficaz não deixar que ela tomasse conta de parte do que somos, e do que seremos.  
E se devagar descobrimos nossos dilemas, vivemos em função deles. E se vivemos em função deles, não vivemos, apenas acordamos, pensamos, sofremos e dormirmos. Mas se temos o impacto, e encaramos de frente o que nos atordoa, analisaremos o que nos é possível superar, e buscaremos isolar o que não podemos enfrentar. Seremos plenos, ou pelo menos tentaremos por aquilo que nos é realmente possível enfrentar. 
E buscamos motivação constante, justificamos a inação pelo receio da euforia e procuramos estar em paz para não acordar nossos monstros, e se não temos monstros inventamos para que possamos permanecer quietos. As vezes a quietude nos conforta. Mas o conforto é falso, e o falso não pode ser eterno. Quanto mais nos afastamos em consciência, mas nos aproximamos do receio. 
E se temos por objetivo, a alegria plena, de uma lugar bonito, perfeito e sem buracos, acabamos por comprar um pacote completo de frustração. E o pacote tem início imediato, pois se buscamos a perfeição encontramos defeitos a todo momento. Mas se aceitamos os defeitos começamos a percebem os indícios das qualidades. Filtramos o que nos é fundamental, absorvemos o que não nos causa ferrugem, e ignoramos o que nos coloca em inconstância, pelo menos é o que deveria acontecer para nos encontrarmos, lá na frente em um local cheio de problemas mas também de soluções. 
Não deve existir fórmulas perfeitas para que o padrão de felicidade fosse encontrado, pois geraria a monotonia, e a monotonia é o parente mais próximo da agonia e da desmotivação. E não devemos procurar fórmulas inexistentes, ou padrões a serem seguidos. A cada dia, torno mais real em mim, a ideia de que o se conhecer é perigoso. E algo que nos faz viver sonhos e pesadelos. Porém é a única maneira de delimitar um percurso a ser seguido, de procurar fontes condizentes com o que precisamos acreditar. Se pudermos acreditar, e se conseguirmos.
E no meio do percurso, apercebe-se que este parece inexistente, e que cada dia é um novo percurso, as vezes laborativo, as vezes gracioso, mas ainda assim, um percurso. 
É como se cada dia fosse uma nova oportunidade de corrigir falhas, ou de esquece-las. Ou de tentar fazer com que elas não sejam só falhas, mas oportunidades de se conhecer, e de usar a borracha e o lápis, e riscar o que foi escrito a caneta. É o estar repleto ou buscar a receita que não existe, mas na esperança de encontra-la, tropeçar em vários temperos que fazem do mistério e da incerteza um ambiente de consciência complementado com um pouco de luz. 

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quarta-feira, 24 de janeiro de 2018

Vive-se

A perda é mais do que a falta inconsciente
É o receio, é o quantificar e estar quantificado
Se passa por meio de trovões
Acabamos por vezes por absorver alguns relâmpagos
E ficamos tomados de euforia.
Limitamos a capacidade de compreensão
Voltamos várias casas nos jogos da vida
Tomamos por dor o desnecessário
Procuramos pedras soltas no meio dos caminhos
Vemos a retirar a coisa do outro
Vemos o tomar a coisa do povo
A liberdade, a confiança e a sabedoria
E a vontade escoa no ralo
Se o recupera, si recupera
Por meio de passos largos tentamos ir a lugar algum
Respiramos por naturalidade, por instinto, quase nunca por prazer.
Se nos conhecemos vivemos o que temos pelo que é vida
Se não, vivemos o que é vida para o outro
Tentamos multiplicar algo criticado
Vamos pouco a pouco para o desnecessário
O ser humano pouco se preocupa com o que é o seu real
Pouco se conhece, e por consequência lógica procura viver  o que é do outro
Não vive, pois o que é de sua essência não pode ser negado, e o que é da essência do outro não pode ser absorvido.
É inútil oferecer vinho ao abstêmio a álcool.
É forçoso e desmotivado este se embriagar para mostrar-se parte de um grupo.
É ofensivo procurar entender o que não nos é parte
Nos maltrata, nos machuca nos derrota.
Enfadonho se torna o que era pra ser motivado
Torpe o que um dia foi interessante.
Por desconhecer o caminho, ou por muito conhece-lo, vai-se com medo
E por medo se machuca.
E se sangra, perde a sensibilidade. Rompe-se a naturalidade.
Por pensar se coloca em cheque
Por não pensar se perde, a aos outros perde.
Por ter tesão de alma, vexa-se por criticar o que tem tesão de corpo. Só de corpo.
E se a alma se mostra indisponível , atormenta-se
Não substitui o que pensa, pelo que pode viver
Não vive o que lhe é permitido, pelo que não o é.
E se nos apegamos ao que é negativo, é por que não vemos o positivo
E se começamos a enxerga-lo, temos ânsia, cansaço. E vamos ao colapso.
Torcemos pelos mesmos confusos desafios
Pedimos sempre a mesma misericórdia
Trazemos a cada instante, certeza e dúvida
Deixamos a cada instante, vilões e anjos
Crescemos por estarmos em ponderada discussão
Não devemos, não podemos, não seremos
Não devemos diminuir o que nos dá sentido
Não podemos deixar que o de ontem determine o amanhã
Não seremos a amargura em forma humana, e se formos morreremos.
Morre a razão da vida, pela vida que foi perdida
Morre a vontade lícita, pela oportunidade que foi roubada
Vai-se o gigante, e também vai o patrício
Fica o pequeno, que por ser pequeno não carrega a carga de se manter grande
Fica o da plebe, que por carregar o pouco, se farta com a sombra, com a paz e a tranquilidade
E no meio do caminho, ainda que detonado
Vê sentido, faz sentido. E se tem vida, vive.
E se tem vontade: se alimenta
E se tem sede: se afoga. Se salva.... Se perde, se acha.
E se pode ser um SER. Não se cobra, se vive.

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quinta-feira, 11 de janeiro de 2018

Conserte o relógio, não jogue-o pela janela.


Quantas horas marcam o seu relógio?
Que  seja meia noite, seis da manhã, ou três da madrugada
Ponteiros vão sendo acertados
Enquanto questiona-se o que ficou inflamado

E os olhos que se tornam abertos podem ver
Na verdade sempre puderam
Afastam-se as travas, e corre sem direção
E visualiza o provável, se nega pela ilusão

Aquele que é mais calmo se esquiva
O que é mais tenso se mutila
A que se acomoda, fecha a porta
E até mesmo as janelas , isso se há janela.

Faz da fresta de luz, raio doloroso
Faz do acertar o compasso,  desmedida comoção
Ignora o que prejudica o tempo
E temporiza, o que não pode ser esperado

Se o cão é feroz e alto se faz latir
Se o monstro ameaça e fere
Os tempos não podem estar parados
Vai se o cão, vai se o monstro. Fica o gosto.

Vai se o príncipe por não ter sido objeto da escolha
Despede-se por medo das gotas de premissa paz
Não se tem vista do que se tem por desejo
Não vive por medo de não viver

Cresce o espanto do arregalar dos olhos
Faz a prece aos Deuses, e se instiga
Não vê que o pedido já foi atendido
Não percebe que as promessas não são pros santos, favores

Olha atento o marcador de areia
E tampouco vê que nem areia existe ali
Os grãos se tornam escassos
E a escassez destempera e salga

Descansa se está cansado, e canse
Se o corpo dói, se deita,
Levanta-te pelo que merece estar de pé
E tenhas por base, o objetivo sem objetos

Se a paz se corroeu , ou se nem tenha existido
Corra, corra enquanto é tempo
Acerte o tempo, e coloque areia
Apavora-se e vê, recupera o não perdido

Não perca o momento de estar em lugar nenhum
Mas o perca se assim tiver vontade
E faça do desespero força
E da força, faça o paraíso... E nele viva...

Depois de uma grave turbulência
Pode haver da mais intensa paz?
E do mais aflito e perturbado
Pode haver o seguro? Exaspera-se.

E se todo promessa se perde
E se todo cumprir é negado
Perde-se o tempo
Fica-se o amargo, desacredita.

Por se curvar diante do que amendronta
Volta o monstro e novamente estraga o relógio
Afeiçoa-se logo ao monstro
E o venera, e o adora... Tem por ele não mais que medo

E é por medo que se perde a agulha
E agulha que se perde no plalheiro
É palheiro que por muito pega fogo
É fogo que queima a palha e aquece a agulha.

É agulha que se faz ponteiro, e tenta consertar o que foi quebrado
Mas se deixa, volta o monstro.
Arranca a agulha-ponteiro e joga fora
É por medo que se perde, só por medo.

E nenhum relógio é capaz de restaurar o tempo perdido
E nenhum monstro é por demais invencível
E se há motivo, enfrenta os monstros
Conserte o relógio, recupere nem que seja a agulha

Acredite se há verdade no que deseja
E deseja sobretudo o próprio bem
Liberta-te e liberta o tempo
Conserte o relógio, não jogue-o pela janela.


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terça-feira, 9 de janeiro de 2018

O gosto da Chuva

E no meio da chuva, a calma
E em cada gota, o mais puro frescor
Se cai de forma mansa e suave
É pura, e é certeza.

Se os passos que eram curtos e acelerados
Agora se tornam longos e demorados
É por não precisar correr
E é por não se dispor da vida

Que bom seria se o mundo dos acovardados
Fosse também o espaço da valentia
Onde o mais fraco se visse forte
E o mais forte percebesse suas fraquezas

E se ao invés de medo da tempestade
Sentíssemos o gosto da água da chuva
E se ao invés do pavor das nuvens escuras
Aproveitássemos as sombras que por hora existam

Pode ser que um dia tenhamos tudo isso
Tenhamos paz, tenhamos luz e sorte
Pode ser que talvez por um dia
Precisemos de estar mais fortes

Pode ser que a fortaleza tente nos derrubar
Pode ser que aprendamos a escalar as montanhas
Pode ser que nos desviemos do monte
Pode ser que cavemos um túnel

E se a montanha se faz caverna
Nos aprisiona, nos faz refém
E nos joga no calabouço, e nos suga...
E se a chuva vier mais mansa?

Ou se a chuva for estrondosa,
Ou se nem tiver a chuva...
Ou se for apenas isso...
Do mais apavorante, resquício.

Infeliz é o que se faz de frágil e não abre a janela
E que por hora se sente frágil sem tentar ao menos ver o tempo que o apavora
E que se faz preso por não saber ser livre
E que perde a chave da liberdade, por medo de perde-la.

Mas quem sente vontade de ter frescor?
Só terá, se antes estiver aquecido.
E o que tem vontade de se secar?
Só assim pode, o que antes se tornou molhado.

Assim como só o estressado se acalma
E bem mais, o triste percebe a importância da alegria.
Assim como o faminto poderá experimentar a saciedade
E o mais choroso, vangloriar pelo sorriso.

É que precisamos correr embaixo d´agua
Ainda que não tenhamos aprendido a nadar
É que precisamos perceber que o maior medo é o ter medo
E que este é infindável

A hora do descanso vai chegar
Ainda que passageiro
Ainda vai estiar...
Mas por hora aproveitemos o gosto da chuva.

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quarta-feira, 3 de janeiro de 2018

De cada poltrona, essência

Ouvi um barulho diferente
Era um caos em meio a pacificação
Mentes vazias, outras nem tanto
Palavras ao relento...

Dentro do nosso espetáculo encaixamos de tudo
Ilusões perfeitamente criadas
Conclusões manipuladas
Fio a fio, vai-se tentando entender o pensamento cinza

A indecência de nos sentirmos corretos
Ou mesmo o apavoramento de possibilitar haver algo de correto
Tudo se transmuda da incerteza
E aos poucos vai ficando mais ralo

Não colocamos preço naquilo que nos faz falta
Não temos receio de perder o que nos cativa
Tentamos nos prender de medo de nós mesmos
E vamos nos procurando no meio de um palheiro

O que se cria parece ter o gosto da realidade
Realidade porém nem sempre será produto dos melhores sabores
Os sabores nem sempre serão oferecidos à todos
e nem todos terão a oportunidade de provar demandado gosto

O verdadeiro parece mais que digno
Mas o digno traz consigo aparência da perpetualidade
O que se acostuma acaba por se acomodar
E o que se acomoda, perde o ônibus sem perceber que já era hora deste passar.

E o transporte tem poucos assentos
poucos porém confortáveis
Alguns um pouco envelhecidos
mas nem por isso, totalmente sem utilidade.

Nem sempre o que está calado, é calado
Nem sempre o que está em paz, tem paz
Nem sempre o que sorri, tem motivos para comemorar
Nem sempre o que grita, esta com medo, ou ainda apavorado

O que um pouco sabe se diz em busca do desconhecido
O que nunca sentou-se na poltrona do lado da janela, não provou da correnteza de ar
Mas aquele que já fez deste o seu lugar, o toma como seu
E se vê outro com o mesmo intuito por vezes se sente ofendido

Não vê que a poltrona continuará lá
Não percebe que a correnteza continuará vindo
Fecha os olhos para as novas oportunidades de sentir-se refrescado pelo vento
Ignora a possibilidade de ver paisagens que podem ser até mais belas

Se esquece que o que era macio, assim continua
Vês que tua vida não circula em torno do que pensas de ti?
Percebes que a poeira não ficara suspensa para sempre?
Desagarra dessa terra seca...

Se já procurou por diversos caminhos
E se já esteve em diversos problemas
Sem certeza de que haver-se-à solução
Pleite o seu, tome o de si e viva

Não se prenda à maciez da poltrona
Se está não poder ser mais o seu conforto
Não traga o ventania da janela
E não digas que não podes ser mais feliz

Não subestime a vontade de outrem
E não queira que a do outro sua seja
Não provoque o que não lhe é benfazejo
Nem troques mais a essência pelo que é disfarce.

Não grite pelo que não lhe faz falta
Nem tampouco derrame água pelo que não lhe pertence
Sejas rio pelo que lhe é essencial
Mas principalmente pelo que te faz especial

E que se poltrona for pra ser sua
Assim ela será... Mas antes será dela mesma
Por que antes de existir o você, ela já era ela
Com cada traço, com cada tipo... De cada jeito...Seu jeito...


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terça-feira, 2 de janeiro de 2018

Tinha uma formiga no meio do caminho

Lá vai a formiga no meio de um mundo de insetos, e vai para frente, e olham para frente, e sentem apenas o que existe ao além de onde estão. Constroem sua casa, ou  buscam seu alimento: tanto faz; O que importa é a direção: para frente, sempre para frente. E se alguma se atreve a olhar para traz ela se perde, e para quem olha e não entende parece que está em loucura, talvez sim.
Coitada é aquela que não consegue ser formiga, e não pode viver do modo “formiga de ser”, muito provavelmente será pisoteada, e colocará assim fim precoce à sua temerária existência. Mas se deixar para trás os dias dos quais faltaram alimento, ou se conseguir esquecer-se da quase vez em que foi esmagada, mais provável será ainda a sua chegada a seu propósitos.
Provavelmente o ser formiga faz com que pelo instinto animalesco, tenham pois os mesmos objetivos, ou as mesmas necessidades vitais, biológicas, e por serem formigas sigam o ciclo natural do que é ser uma formiga,nos ditames, consequentemente, do que se entende por uma formiga, já que não temos ainda capacidade intelectual e científica suficiente para detectar o que é objetivo de uma formiga. Mas dentro da linha de raciocínio puramente observadora, e dentro da conciliação do campo animal com o turbilhão de pensamentos, o que tenho por premissa, é que nós seres humanos, temos uma lição a aprender com tão “insignificantes” seres.  Talvez seja hora de começarmos a olhar para frente.
Talvez seja hora, de deixarmos para traz parte da carga que nos trazem um peso excessivo do ponto de vista psicológico, que pode, por conseguinte nos corroer e fazer com que tenhamos comportamentos que beirem à loucura, e acabemos pisoteados por nossas próprias inquietações. Talvez precisemos nos tornar um pouco menos humanos, e precisemos estar em sintonia, não com o que desejamos, mas com o que precisamos e possamos representar a nós mesmos e principalmente ao modo de nos colocar perante aqueles que se dizem, ou nem dizem mas fazem por parecer ser o dono do bando de formigas.
Que possamos desenvolver o método de olhar para frente, e que busquemos o formigueiro como a promessa de felicidade por ser a realização do que nos traz felicidade, e não que tenhamos que seguir em frente, atrás de outras formigas que sequer sabem o que é o formigueiro, e que apenas seguem em busca dele sem perceber a importância da tomada de consciência. Que nossos instintos se pareçam com o reflexo do que temos por sentido da realização, e não o fechar de um ciclo pré-meditado. Isso se um dia foi alvo de meditação.
Se uma formiga carrega de uma só vez, algumas vezes mais o peso de seu próprio peso, talvez não signifique que nós tenhamos que carregar muitas vezes mais a quantidade de sentimentos que estamos dispostos a transportar, ou mesmo que somos capazes de suportar. Talvez a nossa consciência esteja verdadeiramente muito mais abarrotada, tendo por excesso inúmeros entraves, que nos fazem perder o trilho a ser seguido para o encontro do que somos, e do que podemos ser. E o que somos? E o que temos sido? Formigas conscientes em busca de um formigueiro conhecido, por suas características e promessas de perfeição, ou temos nos tornado formigas carregadas de maus sentimentos e lembranças que nos fazem perder o rumo? Será que poderemos chegar ao real formigueiro com tantas dívidas com nós mesmos, ou será que sequer saberemos como nos manter na trilha correta sem sermos esmagados pelos grandes pés que insistem em nos encurralar ao chão?
Seria possível haver uma certeza? Um modelo ideal do que é ser uma formiga realizada? Será que haverá alguma formiga com um nível de egoísmo tão pequeno que seria capaz de voltar na trilha e ensinar as ainda insatisfeitas formigas, qual o melhor caminho? Talvez isso fizesse com que as insatisfeitas chegassem mais rápido ao paraíso daquela formiga, mas não no paraíso delas. Talvez o paraíso nem exista, mas na trilha de busca-lo talvez tenham as formigas doces momentos. Pequenos pedaços do mais raro açúcar, ou partículas amargas disfarçadas de mel. Mas o caminho talvez tenha de valer a pena, talvez possa valer. Mais felizes serão as formigas que conseguirem continuar buscando o seu caminho, e lutando por ele, e com mais proximidade de certeza, terão um pouco mais de realização aquelas que conseguirem desviar dos “pisões” e deixarem para traz o peso que não forem capazes de carregar. Talvez nos pareçamos mais com as formigas do que nós somos capazes de imaginar.



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segunda-feira, 1 de janeiro de 2018

Feliz dia Novo!

  E a paz em si de cada fala, torna-se o desejo mais puro, e o ser puro faz com que cada desejo seja e se faça sincero. Muito pouco se altera com o estrondo de alguns fogos de artifício, do ponto de vista do estar e ser concreto. Uma música que nos faz lembrar o sentido de ser a representação de uma data o mais fiel estado de harmonia com a essência do um, formando de todos nós seres humanos. 
  É como se na contagem regressiva, a cada segundo pudêssemos sentir a despedida de uma velha vida, e pudêssemos também nos preparar para as boas vindas de uma nova e totalmente única vida.   Talvez seja essa a razão, ou pelo menos uma delas, de estarmos em uma sintonia que nos faz sorrir ao ver no outro um sorriso estampado em dias de comemoração.
  Se as ruas estão cheias de gente, ou se as "gentes" estão cheias de si, a energia se faz por um tempo unidade, e a unidade traz consigo a esperança do que é viver, não só na companhia dos outros, mas primeiramente no que é viver na companhia de nós mesmos. Abraçamos o desconhecido e desejamos um novo ano cheio de possibilidades de alegrias e de conquistas, festejamos e celebramos a oportunidade de ganhar um novo pacote recheado de dias para trabalharmos, para festejarmos, para enfim sermos nós mesmos. Devemos pois, aproveitar este verdadeiro presente que é um momento de reflexão. 
  Ao findar de cada ano, nos colocamos de frente ao que fomos, como se o dia anterior falasse de uma outra pessoa, com atitudes passadas, com omissões ainda mais omissas. Falamos do ano que se passou como falamos de um parente distante, com o qual já não temos tanto contato. Falamos do novo ano como o novo integrante de nossa família, como o bebê que nasce e com o primeiro choro anuncia que têm vida. Esquecemos por vezes, que o ano que se foi é também o ano que está chegando, que a condição temporal nos dá a oportunidade de pensar e principalmente de repensar, porém o velho ano não é o parente distante e também não é o recém nascido, o ano que se inicia é a natureza que se explicita, é a tradução do que se têm por seguimento. 
  Muito se fala de novas oportunidades, pouco se faz em prol delas. 
  Muito se fala em novas conquistas, mas questiono se ainda damos ênfase ao sentido puramente monetário de uma nova aquisição ou se realmente estamos trabalhando com a ideia de que devemos conquistas o Eu, devemos conquistas o estar bem, podemos evoluir em pensamento e em ação.
  Se o que nos fez feliz é o que nos faz feliz, e se poderá continuar sendo, ou se realmente pudêssemos ser ao modo que levamos nossa existência realmente realizados. Se tivemos vida ou se apenas trouxemos cargas imaginárias do que é viver um sorriso real. E se a realidade não passa de mera ilusão, ou se a ilusão dá sentido no que temos de nós por nós. 
  Próspero há de ser o olhar para dentro daquilo que pudemos ter como objetivo de modo intrínseco, e se já possuímos discernimento para separar o certo do errado, e se já criamos maturidade o suficiente para perceber que não existe certo e tampouco o errado.
 Que o modo como estamos em vida, reflete o produto de nossas relações externas, mas principalmente dos jogos internos, dos quais alimentamos que o simples badalar de um sino ou estourar de um foguete seria capaz de dizer:"Pronto, não se preocupe por que no novo ano, velhos problemas apagados se tornam".  Carrega logo por si, ou carregaria, a certeza que tão pouco existe no campo das abstrações, quem diria no concreto do ser e viver. Se nos questionarmos mais, possuiremos cada vez mais novos argumentos, que não nos darão razão ao discutir, mas nos levarão mais perto do auto se conhecer. 
  Não havemos de ser apenas dissipadores de uma ilusão de que um novo ciclo faria com que agíssemos diferente, ou nos mais absurdos questionamentos, de que faria com que pensássemos diferente. O agir diferente demanda tempo e coragem, o pensar diferente leva mais tempo, mais coragem, e auto conhecimento suficiente para que tenhamos campos de visão talvez totalmente diferentes dentro de um só modo de pensar. 
  O desejar de um feliz novo ano é um convite para a auto avaliação. E a auto avaliação nos leva a repensar se a cada dias não tenhamos que receber um "Feliz dia novo" para nos motivar não só a mudar, se necessário, mas a buscar o auto-conhecimento.

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