sexta-feira, 18 de junho de 2021

Levas

 Velhas problemáticas de um universo cinza,

Cansado dos dizeres do sempre mesmo ranzinza

Passeia por entre os montes

E em cada beco se pinga.


Não socorre o mendigo que foge de sua própria agonia,

Não acorda o bendito que dorme em meio a escuridão vazia.

E a sós, continua só, sem nem sua companhia.

Ignora sua vida, e sua própria maestria.


Se não consegues distinguir por hora não distingue.

Se não intenta em reagir, por hora se faz inepto.

Se por hora não quer sorrir, se deixa por ser seu teto.

Se vê, ao ser seus próprios pensamentos.


Lá ao monte não vê estrada,

Nem tampouco estreita trilha.

Lá ao monte não vê regato,

Nem mesmo pequeno rio.


Mas em si enxerga águas

Mas em si "re traz" caminho

Pois do monte se faz chegada

E da chegada conduz destino.


E o nada se leva ao tudo,

E o impasse se torna leve

Quando o olhar da cambalhota

E por trás vê seus respingos.






sexta-feira, 4 de setembro de 2020

Insignificância

De veras que tens consciência?

Verdade que estás tão calmo?

Não vê a balburdia lá fora?

Como se deita e acomoda?


Não traz consigo um sorriso

Não traz, mas também não chora,

Satisfaz-se com o mínimo,

E o deleite se vai embora.

 

Capaz que se esquece de um sonho,

Será que se corre se afoba?

Será que se foram suas pernas?

Talvez não tenha mais sua história

 

No meio de um vão com abismos

Através de um corriqueiro aperto

Vê passar toda a boiada

E ao longe fica com seus medos.

 

Mas talvez em outra hora se acorde

Ou até mesmo durma de vez,

Jogue fora todos seus cacos

Ou esqueça-se de quaisquer clichês.

Confinamento já alcança 5 milhões de bois no país | BeefPoint

quarta-feira, 3 de julho de 2019

Pedaços


Se existisse um pedaço de riqueza
E se o pedaço findasse real
O mais incrédulo se tornaria patrono
E faria do pedaço ideal

Se a fraude versasse em lucro
E se o lucro prestasse ao gatuno
Lá se ia correr contra o vento
E chegar a primeiro ao seu turno

Pois de esperto se faz o peralta
E certeiro se tem no conclave
Não desconfia do cortês mais chegado
E se amarra em seus próprios percalços

Compra sua própria sentença
E eleva seu ego inflado
Se cerca de um poço de nada
Afoga-se em seu próprio vazado

E de tão incompleto que se torna
Lacrimeja em vacilos constantes
Pois não vê a beleza da calma
E se orgulha por se ver inflamante

É o pedaço da alma que rasga
E o resto da paz que se apaga
E a incerteza que toma o complexo
É a baixa que leva do nada

Mais um dia seus cosmos se voltam
 Seus minutos serão só minutos
As moedas serão só moedas
E o pedaço terá se perdido

Um dia o completo se fará de metade
E o conclave talvez seja deflagrado
Verás então que não há comunhão
E que o interesse se faz individualizado

Cada um correrá por seu mundo
E cada qual terá seu além
Cada pedaço terá seu partido
E arriscar-se, não irá por ninguém.

Neste tempo será apenas esquecido
Verá seus golpes tornar-se falhos
 Suas peças gerarão só tormentos
E que os tormentos por fim serão iniciados

Que da lembrança que vem da injustiça
Viu o respingo e se achou esperto
 Não pode ser eternizado
Pelo pedaço que não será glorificado.


quarta-feira, 29 de maio de 2019

Graças

Restam-lhe os casos que ficam na memória
E o bocado de bem viver que contigo lhe assevera
Como o moinho que não se toca sem o vento
Se faz de nada ao se destacar de sua pena

Logra em êxito, ainda que inconcluso.
Pobre  o grande que se vê gigante 
E do pequeno não observa seu alguém
Carregam em si traços de desesperança

Nos reflexos de suas desigualdes, se tangenciam:
O coitado que não levanta seus anseios
E o orgulhoso que se exibe, ao ser rico de vintém.
Em seus  amontoados, lamentam-se ao lamentados. 

Enquanto disputam o doleiro e o desabonado pela desgraça de ser ninguém
Desce o barranco o indolente debochado;
Mostra os dentes sem pedir benção à ninguém
Leva vida ao seu jeito, e faz se vida.

Satisfaz-se com seu jeito de coitado
Glorifica sua existência sem ser luz 
Sendo o mísero prefere ser roubado
Que se aproveitar da grandeza de outro alguém. 

sexta-feira, 10 de maio de 2019

Sentidos

São tempos que surgem
Viveres que sondam
Amplas convicções 
Preceitos de ninguém 

Aprendizados bem medidos
Descansos desaforados 
Silêncio no movimento 
Pavores desencontrados  

Insignificância legítima
Do inalterado sonhador
Do sono que não é dormido
Vida em perfeito ardor

Loucura não vos completa 
Ressente a insanidade
Escuta em seus próprios cantos
Das mais tênues vaidades.

O torpe mais embebido 
Do néctar do puro sal
Se coloca e se deleita 
Desfaz no próprio caos

Longínquos são seus preceitos 
Consternados em suas crenças 
Prestados aos seus comportes 
Da mais pura, vil, inocência.

quarta-feira, 1 de maio de 2019

Perde-se


Protege seu próprio templo
E faça dele sua escultura
Entoe seu cantar mais belo
E ouça sua própria loucura

Aquele que se vê intrépido
Que por pouco se amaldiçoa
Que por nada se envaidece
Deixa os traços de ser pessoa

Desconhecendo a perfeição
Pela pura ineficiência
Procura em seu próprio lume
O prospecto da inocência

Por desleixo ou por descuido
Pelo contrário do que se assemelha
Deixa nua sua própria vida
E se perde em suas beiras

E se nota seu belo anseio
Percebe-se seu melhor dizer
E se pode crescer lá fora
Deixa os cofres por assim crer

E não há cousa no mundo
Ou na face de um vintém
Para que recorra aos seus pedidos
Tenha fazer mal a alguém

Pois seus crimes são só plumas
E seus pecados são tostões
Suas falhas são como gotas
Seus entulhos só questões

domingo, 28 de abril de 2019

Angustiada Liberdade

                Texto em co-autoria 
                co-autora: Vanessa Cristina de Oliveira 


Ser que nasce pela sua essência, evolui
Do pouco que se considera, aduz o que tem de si
Nos olhos leva bem mais do que apenas lágrimas
Levam as dores de suas costas, as costas de sua dor.

Se sente em paz de espírito, sua essência se liberta
Se a realidade lhe bate a porta, sorri e se questiona.
Se existe, por que existe?
 Tão sonhada liberdade...

Respostas surgem do íntimo, se surgem...
E se vão, verdadeira indefinição...
Intangível e imensurável
Desmedida, inalcançável

Cada qual, e cada um naquilo que tem de si
Deixa a res, palavra morta
Sem modo, sem padrões
Buscam decifrar sua própria liberdade