quarta-feira, 29 de novembro de 2017

O Poder Perpétuo prisão se torna.

    No meio de tantas turbulências que nos atingem quase que diariamente não são raras as vezes nas quais perguntamos sobre o que tem nos dado sentido, e mais do que isso confrontamos sobre o que somos e qual a aplicabilidade do "ser algo" ou "ser alguém" em nossa vida prática. 
    Vivemos em um meio no qual o poder é tido como objetivo padrão e aquele que se distancia deste muitas vezes se vê frustrado, incompreendido. Tenho no decorrer de minha pequena jornada me questionado sobre o real sentido do que é ter poder, e consequentemente ser poderoso. Ouso-me a pensar que o poder não existe, e se existe é bem mais o medo de o perder do que vive-lo. 
    Muitos na ânsia de alcançar tal objetivo esquecem-se da nobreza do que o dito poderoso pode fazer pelos menos favorecidos, exemplificativamente, para os de menos recursos financeiros, e acabam por se aliar ainda mais a uma série de pensamentos de ordem extremamente capitalistas e usam dos cargos que ocupam para manter influência, ou mesmo relação de subordinação aos que com ele convivem.
     Na Política partidária então isso fica bem mais evidente. Não por poucas vezes nos confrontamos com um candidato ou candidata que tem um discurso que prega solidariedade e a justiça, mas que quando sentem o gosto doce da suposto poderio deixam se dissipar de todo seu discurso revolucionário, ou mesmo começam a fazer alianças das mais improváveis possíveis em nome de uma perpetuação do sentimento de poder. 
    Tal situação cria no mínimo uma indignação, pois faz com que deixemos de acreditar sobre a probabilidade de haver algum dia uma política honesta e transparente, seja ela de qual partido for. 
      O governante que consegue haver para si o "mandamento" carrega consigo a responsabilidade de não se frustar caso perca o posto. O legitimado que carrega consigo falsos amigos em nome do não ter inimigos acaba por mergulhar em um oceano de provações e de cuidado. Ele não dorme pois não poder confiar em seu porteiro, não se diverte por que tem medo de não poder mais se divertir. Não discute por que o seu ponto de vista pode fazer com que deixe de ser amado, se é que um dia foi. Ele também não pode cometer erros, digo , não pode deixar que seus erros apareçam por que o seu ordenamento é perfeito. E se alguém ousa discordar dele, ou mesmo ter uma atitude contra o seu poder ele não vai brigar, e também não vai voltar-se contra o petulante, ainda que sua vontade essa seja. Ele vai buscar para si o inimigo como aliado, e aumentar ainda mais a necessidade de se proteger, já que com inimigos em seu conluio todo cuidado passa a ser ineficiente. 
     Muito enganado é quem convicto se torna de que aquele que toma o cálice de ser senhor, vá sempre agir de modo agressivo e intimidador. Não, ele não vai. Muitas vezes o que se percebe é justamente o contrário. Se torna mais domesticável, e aqueles que contra ele apontavam o dedo e o maldiziam se tornam alvo mestre, não de suas ofensas, mas de suas delicadezas. 
      A relação de poder podre se torna, (ainda que assim sempre tenha sido) e a humanidade é deixada de lado em nome do status financeiro e da colocação social. O pouco que tinha, em dinheiro, em pequeno espaço de tempo muito se torna, e o alguma coisa que algum dia possuiu de princípios ou defesa em pouco tempo nada se torna.
   Começa então a acreditar que todos o seres enquanto humanos possuem um preço, mas esquece-se que preço nem sempre é o mesmo que valor. 
Espero eu um dia que a compreensão do que é realmente valorativo esteja bem distante do que é dito rentável, e que as pessoas possam estabelecer relações baseadas em confiança e não pela quantidade de recurso financeiro que o poderoso possa dispor em prol da manutenção do poder. 
    Toda máquina possui possibilidades de apresentar falhas, e todas as falhas precisam, podem e dever ter solução. A passividade porém posterga a solução dos nossos problemas, e geralmente os nossos problemas são tidos como problemas de ninguém, e os problemas de ninguém não podem ser resolvidos por falta de legitimados para arqui-los. Enquanto o falso poder é tido nas mãos daqueles que tem medo de perde-lo, e com ele se fazem reis em terra que a monarquia já foi revogada. O falso rei continua cercado de guerreiros que na primeira oportunidade poderão atingi-lo e tomar-lhe o poder. Caso perca terá medo de viver como o falso monarca que talvez tenha ajudado a derrubar. 
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segunda-feira, 27 de novembro de 2017

Tenha pressa, viva lá fora



Cuidado com o que me assola
Pois lá pra fora agora eu vou
Vou me embora, vou me embora
E se me olhar verás que vou

Tenha pendão na esperança
Que assim também o tenho
Já mordi diversos casos
Já tomei vários venenos

E a pressa me consome
Me consome e me motiva
Vou em busca do que quero
Quero a busca do que mereço

Se não é tão mais menino
E se queres gritar lá fora
Se não posso ser motivo
Já não quero e vou e embora

Abro a porta,  o degrau é alto
Se o sangue corre ao joelho , é por que estou cansado
E se fica se acaba, não se fere mas é ferido
E se é ferido pouco adianta. Pra que tanto cuidado?

E a briga é interna, é ferrenha, escaldante
E o sorriso anda frouxo,
E os passos ficam curtos
E o choro corre ao rosto

Não se pode olhar pra trás
Mas na frente tem um espelho
E o espelho que reflete amargura sem pudor
Fere a alma, fere a calma, fere os sonhos de um sonhador

E o sonhador o que é se não pode mais sonhar?
Vira estátua, vira múmia, vira tudo, vira nada
E se acaba, e se afronta
Cria tempo... mas que tempo?

Se a cabeça se inflamou
Se o peito não sustenta
Se seus olhos já estão cansados
Sua voz já não é tão trêmula

Chega de horror,
Bate o pé , esbraveje...
Dê o grito, e se liberte
Vou me embora. Vou me embora

Tem uma flor no campo
E a borboleta esta na janela
Voe logo borboleta
E se aconchegue nela

E se o vidro da janela, de repente se fechar
Ache a porta borboleta e na flor vai-se morar
E se tentares lhe prender
Dê a volta borboleta que ainda esta em tempo

Por que as flores se murcham
Se acabam e caem ao chão
E a borboleta que se acomoda
Vive só em ilusão.

Do que adianta a calmaria
Se logo haverá tempestade
Deixe-me molhar agora
Por que depois pode ser tarde.

Vou me embora, vou me embora
E não é por que eu quero
Mas por que me deixam ir
Vou me embora, vou me embora.




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sexta-feira, 24 de novembro de 2017

Conversa com água, coisa de louco me parece

Água que sai da torneira
que corre no rio
e atravessa o moinho
Conte-me: Pra onde tu vais?

Estou indo seguir meu destino
Devagar ou depressa
Límpida ou cor marrom
Vou me indo sem demora

Água que passou no corpo
da mocinha que se banhava
Que enxaguou e foi-se embora
como se nunca estivesse ali

Sou dos motivos o mais belo
Da existência a mais útil
Dos elementos o mais instigante
Sou menos real a cada instante

Mas és pois o mistério
E como mistério se faz presente
Se te olho me acalmo
Se me acalmo, me vêm barulho

Já estive em nuvem
E bem lá me sentia acomodada
Resolvi descer a Terra e ser útil
Requei as plantas, encharquei o solo

E agora vai-se embora
Mas se ficasse seria mais importante
Faça companhia à terra
Aos filhos de seus acalentos

Não fico  pois não quero nem posso
Tenho que seguir em frente
Aqui sou desperdício
Sou vista ou nem vista, sou nada

Como podes dizer isso?
És tão ingênua, tolinha
és tu vida, és motivo
Sem tu, nada se tem

Vou-me embora ver o mar
Ser o mar, tornar-me sal
Pois do doce já estou farta
De ser usada e descartada

Mas se doce é mais viva
Mais vida e satisfação
Não te entendo coisa abusada
Não podes ver o que me dizes?

Posso até estar maluca
Mas assumo esse risco
A sanidade me apavora
Viver com isso já não me deixa em júbilo

Se sou mais útil, não me importo
Ser feliz é o que quero
Quero ver a vida e ser Sal
Pois o salgado me descreve

Menina! Que absurdo!
E os outros? Não te preocupas?
Fique aqui, continue assim
Todos precisam de precisar de ti

Pouco me importa
Estou farta de ser calmaria
Quero desmontar minhas ondas
E elas eu quero ser

Não tens por acaso medo?
E se o novo for mais cruel?
Se de repente não puder voltar?
E se confinada a ser Sal, pra sempre for?

Vejo que muito esperto não podes ser
Se algum dia me arrepender
Serei feliz e plena por ter tido coragem
coragem de me arrisca e de enfim ser feliz

Coragem de descer pelos rios
de ser rio, de ser cachoeira
Coragem de ser e estar mar
De viver, ainda que por um instante

E ainda que me amedronte
E que eu possa querer volta
E ainda que eu não consiga
Poderei então me evaporar.

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quarta-feira, 8 de novembro de 2017

Três


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Quarto escuro é precisão
Água que corre conforta a alma
Alma que sofre comporta em calma
Calma que se perde na multidão

Barulhos intensos de casos mal resolvidos
Passos na escada e pegadas na terra seca
Sangue nas veias e areia nos olhos
Vida em desuso, sobrevida se torna

Que a chuva passe logo
E a tempestade vá se embora
Que possa brilhar um Sol
E que o Sol brilhe em verdade

Murmúrios sejam deixados
Passado seja passado
Coragem possa chegar
Ainda que para isso  precise cuidado

Ouça os cantos de paz
E as palavras de aconchego
Tente não se virar pra trás
Siga pois em frente

Ser o melhor se torna inútil e útil
Não somos moedas de troca
Moedas de troca nos transformamos
Dia por dia, hora por hora

Céu azul se faz  vermelho
E pequenos animais em temíveis feras
Júbilo e angustia, tudo se torna irreal
Sentido parece não haver .Mas há

Benditos comportamentos carregados
malditos dizeres ocultados
Ancião de inegável experiencia é criança que sorri de inocente.
Onde as rugas acusam idade, e olhar demonstra receio

E nesse jogo de certezas
emaranhado pela pura indecisão
invadido pelo relento da ilusão
Lá se vai: o homem, o rapaz e o menino

O homem cheio robustez não quer mais chorar
Não pode mais derramar lágrimas
Se sente por dentro seco e cansado
Por fora denso e travado

O rapaz se sente chato em um mundo desleal
Como um peixe fora d`água
Vai cavando e fuçando a procura de seu mal
Se encontra desespera, se não encontra não sossega

O menino é isolado, não vê graça ao brincar. Não brinca
Deixado de lado, deixa-se de lado
Só queria nem ter nascido
Só queria ser de pedra, ser irracional.

Se mesclam, e entram em discussão
Se desmembraram em diversas fases
Mas sempre serão apenas um
Cheio de tanta imperfeição, e ilusão.


E assim vai se indo
Se perguntando se vale a pena
Se a vida que é tão serena
Pra um assim também será

Mas se às vezes chora tanto
Não é só de desespero
talvez sejam lagrimas retidas
derramadas apenas ao acalento de um travesseiro.


















terça-feira, 7 de novembro de 2017

Sonhos Reversos

De noite temos sono
No sono aparecem sonhos
nos sonhos surgem medos
Medos refletem realidade

Alma que sai do corpo
Enfim assim liberta está
Voa, paira e observa
Perde-se a vida por momento algum

Repentinamente visualizamos montros
E se dormindo, temos coragem
E os pulsos começam a inflamar
Demonstra o sopro da vida de um ser em morte

Ouvia seu choro enquanto dormia
Distante , e tão perto ali está
E se no repente leva um susto 
Acorda e se sente igual

Se embaralha em suas promessas
Se invoca de seus próprios sentimentos 
E seu vazio se preenche de ardor
e seus pesadelos trocados por cor. 

Místico se torna real
e ainda que pareça cruel
Diferente do que foi idealizado não pode ser
Isto se em algum momento o fora. 

Brota no centro avidez 
Condena-se a carne pelo que foi sonhado
E o ser pelo que foi praticado
Pelo que não foi falado

Mas no fim não passa de um sonho
de um tempo encorajado 
De um sofrer que foi arrebatado 
e que se tornou luz e paz. 

Sonhos são reflexos de nossa realidade
Nossa realidade é anunciada 
Os fatos se entrelaçam
Físico e espiritual em mãos dadas 

Dormir nada mais é que acordar para um novo mundo
É mais do que descansar de uma realidade
é viver uma outra dimensão 
E esse novo nem tão  assim o é. 

E se queremos desconectar 
nos conectamos ainda mais 
e se queremos descansar 
buscamos novas preocupações 

Vemos o quão complicado é ser
Vemos quão complicado é o ser 
Que sonha em esperança 
e se frusta com "irrealidade"

Que desenha sua realidade
enquanto borda sua ilusão 
Cobra transparência, 
E se esconde atrás do que parece ser. 

Que dorme por medo de fracassar
e fracassa por medo de tentar 
Que sonha em ter algo inigual
Mas sempre mais normal procura ficar. 

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quarta-feira, 1 de novembro de 2017

Era

Era uma manhã escandalosa de seres incompreendidos
Um rememorado de inutilidades
Era um tempo sombrio no meio de um arco de cores
respingando cinzas de modo vagaroso e intenso.

Um turbilhão de emoções
Um relampejar em tempo seco
Muitas vozes em sua cabeça 
Pouca paz em seu interior

Um olhar amarelo em um sorriso inexistente 
Algumas lágrimas de pimenta 
Outras de saudade, de sentimento
Ou até mesmo de angústia pelo não dito

Cabeça cheia de ideias,
Corpos cheio de amor
Vida repleta de pessoas 
Pessoas repletas de dor

Queria entender se algo tem sentido
Queria gritar e ao mesmo tempo ficar calado
Queria esquecer muita coisa 
Queria relembras de muita coisa

E se de repente sentisse que pudesse existir felicidade?
Mas se tão logo tivesse medo de voltar à decepção?
Pode ser que o que faltava fosse não mais que atitude 
Pode ser que o que sobrava fosse tempo de olhar pra trás

Conseguindo apagar os tormentos
Sua vida seria feliz?
Não seria! Tormentos e mais tormentos
Fazem parte de sua vida, mais do que a própria vida

A escuridão se acaba com a luz do dia
Tristeza terá fim com o sorriso de uma criança 
Dor é finda por momentos de prazer
E a saudade se evapora com o abraço do reencontro

Se as portas ainda está aberta
Ou se um raio de luz conseguir atravessar a fresta da janela 
Pode ser que ainda exista esperança 
Pois enquanto houver passagem, tudo poderá ser recuperado.

O confuso as vezes se torna pelo ímpeto da simplicidade 
As palavras malditas ferem 
Mas as escondidas destroçam 
E um episódio não dito acaba quebrando o vaso

E o vaso que está quebrado?
Este pode ser remendado? 
Talvez um só não consiga , ou até consiga 
Mas com apoio pode ser mais fácil. Talvez. 

Em certos momentos não encontramos palavras certas
E nos sentimos impotentes por não ter o que dizer
Tentamos usar palavras e argumentos que não existem
E acabamos nos enrolando ainda mais 

Nem sempre o que questiona quer ouvir algo
Nem sempre o que chora quer deixar de chorar
Ou mesmo consiga deixar de chorar 
Talvez seus males antecedam sua existência

Seus conflitos não precisam de explicações 
Não existem explicações 
São apenas seções de masoquismo
Auto lesionamento talvez seja um vício.

Não chore, não fale, não viva
Não sonhe, nem coma, nem nada
Ordenações, mandamentos, castigos
Aos berros, aos gritos..

E assim vai levando o que se chama de vida
Tentando esquecer de um passado 
Sem ao menos entender o porquê de tanta coisa ter vivenciado
ou mesmo por ser privado, de ser liberto sem ser amargo. 



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