quarta-feira, 10 de outubro de 2018

Eles não sabem

Por traz de cada rastro existem pequenas histórias. Talvez as histórias pequenas não sejam assim tão pequenas. Talvez não sejam apenas histórias. Registros.
Acaba-se em cada manha as gotas do orvalho e dá lugar aos mais desacreditados raios, e isso porque a finitude da escuridão é passageira. É poço do qual a água não chega a borda. É poço pelo qual cada ser busca. E talvez nem tenha mais, nem gotas e nem orvalho. Talvez não seja orvalho.
O ambiente não quer ser mais vermelho. Deixa a cor, e pede o sangue.
Não temos do mais fundamentado mínimas razões
Percebemos que o que foi muito caro pode ser jogado fora como se nada fosse.
Temos sede de revolta de revoltados que nos tornamos.
Esquecemos do ontem, e condenamos condutas que antes eram as nossas práticas.
Já percebemos que muitos se arrependeram de ter usados suas panelas, sejam por estar cheia, seja pra emitir barulho.
Na beira do abismo o silêncio se torna ensurdecedor e muitos fogem ao debate por desacreditar na construção de conhecimento com tamanha onda de ignorância, já outros utilizam seus dizerem como se fosse a mais absoluta verdade, não querem o falaciar saudável. Preferem o algoz, ainda que em diálogo. 
Queimamos os livros. Talvez não tenhamos lido com a devida atenção
Vemos o mórbido ignorante sonhar com o dia que os ignorantes serão extintos.
Vemos o que foi censurado em seu lar, pedir para o outro a censura
Vemos também o ferido pedir um novo corte. Ou novos cortes.
Percebemos que o gigante acordado tinha mais sono do que aparentava.
Talvez não pudêssemos ter nos recolhido por tanto tempo.
Talvez tenhamos faltado à algumas aulas. Talvez tenhamos dormido sobre nossas mesas...
Tradicionais extremistas que defendem "suas famílias" tradicionais e também suas amantes.
Jovens revoltados que buscam o direito de apanharem e de não poderem contestar.
Pessoas que solicitam o direito de não poderem escolher. 
Ouvimos e nossos ouvidos derramam sangue
Vemos e nossos olhos pedem para não enxergar.
Percebemos que por uma vida, ainda que curta, estivemos rodeados por pessoas que odeiam suas próprias condutas, mas que ainda assim delas não se livram.
Sem espaço para generalizações, percebemos a "anti-feminismo" que quer continuar votando.
Convivemos com os desgostantes do trabalho que defenderia a tipificação da vadiagem
Conhecemos o obtentor de meios ilícitos e da fraude que acaba solicitando sua própria execução. 
Deixamos de lado o pouco, e brigamos pelo nosso nada.
Parece que o ter razão se tornou mais importante do que ter a paz. 
Pede-se sangue, esquecendo que muito já foi derramado.
Pede-se a luta como se nunca antes esta tivesse havido.
Clama-se pelo sistema sem conhece-lo e a ignorância faz de seus defensores suas próprias vítimas.
Nos vemos obrigados entre escolher entre o incerto e o pavor.

Derramaremos nossas lágrimas, outros derramaram sangue. Eles querem sangue...

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