quarta-feira, 29 de maio de 2019

Graças

Restam-lhe os casos que ficam na memória
E o bocado de bem viver que contigo lhe assevera
Como o moinho que não se toca sem o vento
Se faz de nada ao se destacar de sua pena

Logra em êxito, ainda que inconcluso.
Pobre  o grande que se vê gigante 
E do pequeno não observa seu alguém
Carregam em si traços de desesperança

Nos reflexos de suas desigualdes, se tangenciam:
O coitado que não levanta seus anseios
E o orgulhoso que se exibe, ao ser rico de vintém.
Em seus  amontoados, lamentam-se ao lamentados. 

Enquanto disputam o doleiro e o desabonado pela desgraça de ser ninguém
Desce o barranco o indolente debochado;
Mostra os dentes sem pedir benção à ninguém
Leva vida ao seu jeito, e faz se vida.

Satisfaz-se com seu jeito de coitado
Glorifica sua existência sem ser luz 
Sendo o mísero prefere ser roubado
Que se aproveitar da grandeza de outro alguém. 

sexta-feira, 10 de maio de 2019

Sentidos

São tempos que surgem
Viveres que sondam
Amplas convicções 
Preceitos de ninguém 

Aprendizados bem medidos
Descansos desaforados 
Silêncio no movimento 
Pavores desencontrados  

Insignificância legítima
Do inalterado sonhador
Do sono que não é dormido
Vida em perfeito ardor

Loucura não vos completa 
Ressente a insanidade
Escuta em seus próprios cantos
Das mais tênues vaidades.

O torpe mais embebido 
Do néctar do puro sal
Se coloca e se deleita 
Desfaz no próprio caos

Longínquos são seus preceitos 
Consternados em suas crenças 
Prestados aos seus comportes 
Da mais pura, vil, inocência.

quarta-feira, 1 de maio de 2019

Perde-se


Protege seu próprio templo
E faça dele sua escultura
Entoe seu cantar mais belo
E ouça sua própria loucura

Aquele que se vê intrépido
Que por pouco se amaldiçoa
Que por nada se envaidece
Deixa os traços de ser pessoa

Desconhecendo a perfeição
Pela pura ineficiência
Procura em seu próprio lume
O prospecto da inocência

Por desleixo ou por descuido
Pelo contrário do que se assemelha
Deixa nua sua própria vida
E se perde em suas beiras

E se nota seu belo anseio
Percebe-se seu melhor dizer
E se pode crescer lá fora
Deixa os cofres por assim crer

E não há cousa no mundo
Ou na face de um vintém
Para que recorra aos seus pedidos
Tenha fazer mal a alguém

Pois seus crimes são só plumas
E seus pecados são tostões
Suas falhas são como gotas
Seus entulhos só questões