terça-feira, 29 de maio de 2018

Tapetes cheios de pó


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Estão ditando tudo, tudo estão ditando
E os velhos costumes são tidos como novos chegam
Está cheio de ódio na pista
Faz a prece e ainda resiste
Corre e ainda assim caminha devagar
Tropeça, se esquece e recomeça
Se olha pra traz só vê penumbra
Se faz penumbra, escolhe penumbra
A memória anda fraca, mas isso não é de hoje
não torcemos os nossos sorrisos a toa
não perdemos o nosso riso por causa de vintém
Não lembramos tampouco da discórdia
Apagamos história, e reescrevemos história
Talvez pensemos que chegamos ao progresso
De certo, estamos preso na mesmo antigo regresso
Há falsa prespectiva do real
Há falsa realidade, comportam-se balas
Espalha-se soluçoes tão mágicas
Esperamos palavras tão belas
Sonhamos com promessas tão quietas
Somos, estamos e permanecemos quietos.
Desespero por ver o mais fraco
Desespero por se tornar do mais fraco
Notamos e noto logo, o caso...
Nota-se o descaso, corrompe o provável
Joga-se fora por vários instantes, a todo instante?
Não traz, e trazemos nada de novo
não há nada tão diferente
não conhecemos nada que seja cem por cento inusitado
E nada mais nos emociona...
Não é a morte que nos deixam amedrontados
Nem tampouco a fome que nos deixam esfomeados
Não é a guerra que nos faz pensar no amanha, nem no ontem
Passamos por meio de vários espinhos
Colhemos espinhos, e fomos
O que nos arrepia é a incerteza?
Ou seria certeza?
Estamos, nós, preparados para enfrentar os nossos achismos?
Somos tomados por perguntas descomunais.
E ainda há espectro de busca pelo eu?
Ainda há, ainda que um pouco de esperteza no ser enquanto tomado de humanidade?
Ou nos tornamos torpes? Ou sempre fomos? Fomos?
Vemos história, repetimos fatos
Repetimos episódios de uma mesma revolução...
Talvez nunca tenhamos saído dela
Talvez o corrupto amadureceu e se multiplicou
Talvez o que foi jogado debaixo do tapete ali não caiba mais
A sujeira está mesmo tão grande ou ela sempre foi imensa?
Somos partes? Se somos que nos limpemos
Somos motivo? Se somos que dessa responsabilidade nos livremos
E somos libertários? Se não somos, que um dia [hoje] nos tornemos.
Mas que haja sempre a crítica
Mas que sejamos também consciência
E que da nossa tornemos amigos
Ou pelo menos, um tanto quanto conhecidos.
Bons conhecidos, da mente e do sentir
Da mente, do sentir e do agir.



domingo, 27 de maio de 2018

Está pegando fogo no Brasil

Está pegando fogo no Brasil
Estão falando que o sonho foi destruído
Estão dizendo que o progresso não pode ser estabelecido
Vão aumentando as trovoadas em meio ao tempo seco
E aos berros vão aumentando e mantendo a discórdia
Já se percebe que o sonho foi por demais arregaçado
E se preta ao mais confuso. E se curva ao mais desonesto.

Está pegando fogo no Brasil
E estamos cegos, e estamos mudos
Aquele que nos persegue denominado de "meu rei"
Aquele que nos joga terra, contaminado , nos contamina
E sem cerimônia nos diz: - Obedece, dar-te-ei seu paraíso
Obedece: tornar-te-ei seu próprio algoz
Obedece: Lhe mostrarei o quão errado és tu.

Está pegando fogo no Brasil
E nós estamos inflamando
E não há líquido que nos traga o desafogamento
Caímos ao chão, levantamos e de novo somos derrubados
Mas aos poucos nos reerguemos
Não podemos nos calar perante aquele que nos derruba
Não deixemos de lutar perante aquele que nem ao menos se escuta.

Está pegando fogo no Brasil
E as vias ainda estão cheias
Os mais modestos não se calam perante os de bonitas palavras
Não aguenta, e o o desaforo lhe sai do peito.
E ainda que inflamados pelas premissas do patronado se ergue e vai a luta
Faz do seus motivos causa, e que justa causa.
Traz e leva consigo um pouco de sua esperança

Está pegando fogo no Brasil
E cá estamos nós com nosso corações inflamados
Ainda que quietos, ainda que indecisos
Observamos e tentamos enxergar um pouco de razão
E ainda que na penumbra, sabemos que a indignação nos mata
Nos leva pro meio da balbúrdia, e no meio dela nos faz por localizar
Está bagunçado? Está... Mas parecemos não ter outra opção.

Está pegando fogo no Brasil
e desta vez as panelas estão em silêncio
Estão em silêncio e tendem a ficar vazias
Ouvimos o estridente som das buzinas
Não entendemos porém se pode haver certeza
Nos estilhaços nos tomamos de incompreensão
E vemos nas faces uns dos outros o medo.

Está pegando fogo no Brasil
e o Tinhoso ainda permanece inerte
Enquanto a população sofre
Passa também a acreditar na existência de vampiros
E nas telas mais amplas, enxergam os sorrisos mais falsos
A dureza querer ser sempre certo, e de não admitir o plano falho
De vaidade se perde, e leva junto o país...

Que às pressas possa ser a combustão contida
Que por mais rápido possa o coração ser entendido
Que possamos ter um pouco de humanidade
Que possamos ver o sonho ser reconstruído
Que por menos, não seja perdido o pouco de democracia que foi conquistada.
Que se inflame, mas não de destruição
Que se inflame de certeza da ponderada paz.
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domingo, 20 de maio de 2018

Complexo alterado de uma noite de temperaturas baixas


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Peguei o pedaço do pedaço
E desci sem rumo as escadas
Não vi o que tinha que ser visto
Não quis ouvir nem do doce nem do ácido
Crescemos por meio dos grandes e suntuosos rojões
E vemos a continência para seres de pouca história
Assistimos espetáculos que eram aplaudidos por meia dúzia
Percebemos que escondidos haviam bem mais insatisfeitos
Uma pessoa de meia idade que se esconde atrás de um cifrão
O mais improvável delinquente, que por conseguinte delinque
Os mais costumeiros em quietude, borbulham e se aquietam
As mais leves palavras se tornam pois, ferramentas
Mas os que falam, por muitas vezes são acusados de anarquistas
Mas os que sentem sede, por muitas vezes são percebidos por incomodantes
Mas os que mordem os lábios, gotejam esperança
Os que aludem o improvável, ainda que silenciosos
Os que acreditam que não somos peças mortas
Os que não aceitam que a migalha conduz ao circo
Os que por serem gente, se demonstram de descontente
Os que não se importam com a primazia
Que não conhecem o sentido do se calar
Que não vivem pelo dito que não foi dito
Que não faz da utopia objetivos, mas que tenta a todo instante mostrar a relidade
É o menino que corre no meio das ruas
E o menino que traz no largo sorriso a inocência
É o jovem que carrega consigo o sufoco
É o se sentir pequeno ainda que grande
É o adulto que não entende que pode entender
É o adulto que não percebe aquilo que deve perceber
São os sonhos que não são sonhos
São os traços de verdade que se fazem realidade
E são os pequenos gestos que nos fazem mais do meros guerrilheiros
É o acreditar que ainda existam pessoas que são mais do que indiferentes
É o acreditar que ainda há mudança, e que a mudança não é parte. É sentido
Que a mudança é necessidade
É perplexo do que foi simples, e é simples pelo que já foi complexo
É vontade de se tornar próximo de si
É estrutura, e reconhecimento, é vida
É calar-se , e ainda assim emitir indignação
Tornar-se velho, por pensar. Conseguindo, pois, se encontrar.
Não se juntando aos ratos, não dissipa a doença
Não se reconhecendo rato, não justifica a desgraça
Não vê graça, não pensa pelo que já foi motivo
Não torce pelo que ainda é pretensamente falho
Não atira naquele que se mostra rei
Não faz do homem o Divino
Não corre do Divino ao homem
Se cresce, ativo se torna por ser paz
Se torna a paz em si, leva no peito a fagulha
É esperança viva, é acreditar no amanhã
E deixar de lado as lágrimas, é ver o riso
Contemplando o erro do ser mais baixo
Contemplando o grau mais mínimo de sabedoria
Se tornando pouco em pouco um traço
Traço que se torna mais do que apenas algumas palavras soltas
E que se entorna e faz limites
E que separa os que estão juntos pelas linhas imaginárias
E criam essas linhas, e as trazem para a realidade
E o velho que nem é tão velho se desmotiva
Não vê esperança naquele cidadão de bem
Apenas percebe, e se percebe se cala
Se acomoda, e talvez espere não mais que o último Adeus
E por se fartar de si, não se empondera
Não luta, e se luta é apenas pelo que se tornou
Coleciona relógios de ouro, mas não sabe discernir o tempo
O mundo está cheio de tolos
Os tolos ganharam para si, um mundo
Fizeram do planeta uma casa
E jogaram lixo no ideário
E fizeram do ideário pouco em nada
E contaram o que contam para os seus netos por vergonha de não se levantarem
De vergonha de se indignar, por medo de ser não mais que uma falha
Mas ainda assim sorriem, e vêm os truculentos poderosos se fartar da carne
Talvez peguem as migalhas, talvez nem isso
Decerto, nem isso.


sexta-feira, 11 de maio de 2018

Vinte e Cinco

Do que vejo?
Vejo a estrada e vejo os portes
Talvez para muitos o nada represente tudo
Talvez não seja  própria do homem a certeza.
E não é a própria certeza inerente ao ser
Que corres por entre os dedos, a vida
Que passas por meio dos ponteiros, o tempo
Que traz do pequeno percurso, experiência
Que se vê, e percebe que não há o ontem
Pelo ontem que se viu os tropeços
Pelos tropeços que fortificaram os joelhos
Que deram base, e foram base.
É pelo pouco que por hora é muito
E pelas fases do mais puro sentir
Por poucas etapas que talvez tenham sido sonhadas
Por sonhos que talvez nem tenhamos cogitado por reais
É pela realidade que nem sabemos se existe
Existência que nem sabemos se nos conforta
São traços de saudades da infância,
ainda que à pouco tenha sido o objeto da despedida
Ou talvez seja alívio, por ter-se dela dito Adeus
Enxergando que não há sabedoria morta
Que não vinga, aprende, e se desprende
Que a escuta faz ir adiante
Que a ignorância tem vários sentidos
Que o sentir tem várias nuances
Que a vida trás surpresas, e por conseguinte, surpreende
Inesperado nem sempre o é,
por vezes é mais o desacreditado
por vezes é por ter sido considerado estranho
ou subversivo... Talvez por permitirmos ser o ser que somos
Traz dos riscos na parede desejos
Faz das caixas de papelão prateleiras
Das brincadeiras de criança, profissão
Faz do querer, o fato
E da quietude física, fervura de pensamentos
Do medo do escuro, desafio
Do mal estar, em estar em meio aos outros faz teimosia
Dos olhares tortos, motivação
Da falta de vontade, ainda mais vontade
Da crítica, faz o homem
Das implicâncias da infância, sonho
Do ambiente que era pra ser o de maior repulsa, objetivo
Da falta de incentivo, enxergar os poucos e agradece-los
Do desacreditado, pensar que há sim a parcela do possível
Do indignar-se perante o injusto
E se policiar a todo instante para assim não se tornar parte da mesma farinha
E é por pensar demais que acabamos conhecendo... e nos conhecendo
E por questionar demais que vemos a possibilidade da evolução
É por brincar com as palavras que percebemos o quão passageira é a vida
Lá se foram vinte e cinco.
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