terça-feira, 27 de março de 2018

É tempo de ver lá fora, é tempo de olhar para dentro

Tem cores no meio das ruas 
E no meio das ruas temos ilusão 
Por meio de felicidade forjada
Nós vamos, voltamos e nos encontramos
Vemos fantasias de todos os modos
E máscaras caem a todo o momento
A chacota vira brincadeira
E a brincadeira coisa séria se torna
Esquecem-se os meses de conversa sincera
Estraga o vício, corrompe e prepondera 
E se culpa por ser do povo e estar no povo 
Traz do insano o mero gozo
E esconde aos risos o inexorável
Não faz mais do que lhe é premissa
E se respira, nem sabe se é ar
E se por pouco não se desespera, se desespera
A ansiedade que desfaz o mais calmo
E a ânsia lhe perfaz a inércia
Fúria que desdenha o mais doce
É prejuízo que corre e decorre
É tudo e também o nada
E o nada se transforma em busca
São as cores do meio da rua
São os gritos de revolução
Pinta o céu com a tinta cor de sangue
Não se cala o que foi apedrejado
Não se cale o que percebe que da falsa paz vem o desastre
Percebe, levante-se e lute
Lute, cresça e tenha vida
O que é o poder?
Quem o detém?
Quem o constitui?
Quem o mantém?
Indigne-se, e mantenha-se sóbrio
Indigne-se, retira-se e retira-o
Traga consigo a verdade
Leve consigo a invenção concreta
A intervenção modesta
O pequeno ato, virtude se torna
Dissipe-se, e dissipe seu pensamento
E se recolha se necessário.
Só não deixe que as cores malfazejas tomem conta
Só não deixe que seus pares de convicção te tomem a existência
Só não coloque preço que possa ser pago pelo inconveniente  
Só não venda e não se venda
Insiste no que vale a pena
E descubra que no fundo da cor tem mais cor
E no fundo da paz tem mais paz

Mas no fundo do pútrido há também mais perdição.  

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segunda-feira, 12 de março de 2018

Filtros

Tece o ninho, o passarinho
De relance ainda quieto
Se faz planos, já não voa
E se voa se sente eivado.

Não vê o que foi pacífico
Nem tampouco o conturbado
Pensa em tudo, pensa em nada
Absorve, se resolve... continua pois, parado.

Já não se presta à preocupação
Se ilude com facilidade
Trava-se e se corroê
Vê ao longe o que amortiza

E se corre, ou melhor se voa
Lá se vem o velho melro
e se aconchega em seu ninho
Aproveita e se deleita.

E se alimenta o tico-tico
E um pouco que se demora
Sorrateiro o que usurpa deixa ali seus belos ovos
E bem mais do que depressa, vai se embora... vai se embora

E de inocente o tico tico que antes tinha menos ovinhos
Já se assusta com a quantidade do que agora é inconveniente
Mas por confuso que se torna, deixa lá os seus e os do outro
Já não se lembra do que não lhe pertence

Mas com o passar dos dias, o do outro se torna seu
Assim como os seus os é
Os choca, deles cuida,
Já não pode ver diferença, já pode, já não quer

Mas os dias lá se passam
E se passam bem depressa
Já se esquece o tico o tico que algum é adotivo
Adotivo que é filho teu... só teu..

E no momento que tanto espera
E no momento tão demorado
Já se nasce seus filhotes
Já se nasce os agregados

E como todos são agora seus
bem deles os cuida, sem distinção
São iguais, talvez nem tanto
Mas ainda assim são seus

Pode ser que nos dias que venham a se passar, tudo não seja tão bonito
O traiçoeiro lhe remonta
E o que um dia não lhe pertenceu tira-lhe o sossego
Seu alimento, é só seu... Ele prepondera sobre os demais

Deixam pois os mais frágeis por fome não resistirem
Ali se acabam seus sonhos
Ali se vão suas espectativas
Pobre do tico tico, vê os seus irem se embora

Vê os que ali foram deixados, tomarem forma
Vê os seus serem acabados
Vê seu tudo se transformar em nada
Vê se o alheio preponderar em seu tempo.

Quando não vigiamos o nosso ninho
E o ninho de nossas iddeias
Vêm o "melro", ele vêm basta que abaixemos a defesa
As vezes sem demora, as vezes se lastra

Ele vem como o aquele que nos dá um conselho
Como aquele que aos poucos nos fazem pensarmos estar errados
Ele trabalha de modo insistente, silencioso....
As vezes como quem não quer nada

Ele nos dá ideias que não são nossas
Infiltra negações que não nos pertencem
Substituem as nossas vivências
E nos dá novas querelas

Cresce em nos angustia por não diferenciarmos em certo momento
o que é que nos pensamos, e o que é que nos foi dito
O que pertence ao nosso ninho?
O que nele foi deixado?

O que nos corroí? São os nosso pensamentos?
São os pensamentos agregados?
Já não sei, já não se sabe...
Se misturam e são por nós mesmos prorrogados.

É preciso que vigiemos nosso ninho
é preciso que o melro da mente seja afastado
é preciso que tenhamos filtros
Filtros que nos permita ser um pouco menos afetado.

Pois nem sempre o que nos prejudica foi por nos plantado
Mas talvez tenhamos o recebido
Talvez tenhamos dado a ele força
Tenhamos dado alimento...

Prejudica e nos prejudica o sentimento em nos plantado
O pensamento que absorvemos como nosso
A negatividade deixado por outros
Mas ainda assim, por nós aceitado.
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quinta-feira, 8 de março de 2018

Cor de rosas

Existem e sempre existirão degraus que todos os dias são e serão colocados à prova
Existirão fases que serão feitas para que da motivação surja mais do que a comoção
Vista-se com seu melhor vestido, se assim for de sua vontade
Experimente o modelo que mais lhe agrada e sejas feliz
Que tenhas forças, e também vontade
Que sejas todo e que seja tudo
Intensifique-se e voe em liberdade !

Se um dia foram chamadas de bruxas, hoje gargalhe
Olhe para o passado e agradeça às suas Deusas
As que sofreram e não temeram a própria morte
As que choraram ao serem privadas de serem cheias de si
As que foram menorizadas por se vestirem por fora de um padrão
E as que reafirmaram que o padrão é ser feliz.
As que correram por dentre olhares promíscuos
E jogaram fora todas as alianças

Lembre-se ainda das que foram julgadas e espancadas por dizerem um não
E das que cresceram aprendendo que o normal era não ter opinião
Que seu choro era fraqueza, que seu sonhos eram besteiras
Que seu prazer era satisfazer
E que satisfação era obrigação
As que recuaram em se defender, e cravaram em suas almas dor
As que se calaram mediante a bofetada, e as eternizaram...
As que foram chamadas de incapazes, e choraram em silêncio

As que esperaram um príncipe encantado, e se casaram com os ogros
As que se recusaram a acreditar no príncipe e foram enxotadas da sociedade
As que pela coragem quebraram tabus e foram em frente
As que por medo ficaram inertes, e sofreram... e sofrem
E as que foram trancafiadas, em suas casas... Verdadeira prisão.

Coragem das que sorriam para mantes as aparências
E das que acordavam se lamentando por tudo não ser um pesadelo
Coragem das que aprendiam a ser mães com suas mães que aprenderam com suas avós
Coragem das que não viviam por si, mas pelo outrO.
A que foi condenada por dizer: Eu gosto disso
A que foi massacrada por sentir-se bem quando só.
A que foi enganada e chamada de vadia
A que foi escondida por ser considerada perturbadora
A que negou ser objeto de um sistema.

Hoje os dias são claros, um pouco mais... Nem tanto
Ainda sofrem por não poderem andar nas ruas sem se preocupar com os olhares
E ainda são condenadas por reclamarem quando são incomodadas
E quando se unem escutam que o mundo está ficando chato
Que quando começam a ver um raio de esperança, precisam ter ainda mais coragem
Que se decepcionam quando ascende no gosto popular a materialização da misoginia

Não são bodas de comemoração por um dia cor de rosa
Não são festejos em nome da Dona da delicadeza
O dia que era para ser de alegria, tornar-se-á de reflexão
De culto as que foram consideradas hereges por não concordarem em ser menos do que eram, são e serão.
É dia de dizer: Eu não me calo!
É dia de dizer: Eu não sou propriedade!
E isso não é matéria para uma dia. E oração para uma vida.

Feliz tempo de ser mulher!



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